sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Todo homem é frouxo!

O que mudou no comportamento masculino ninguém sabe, mas a queixa das jovens mulheres contra eles, aparentemente, é grave

Lícia Egger Moellwald


Pelo menos é o que diz um grupo de mulheres entre 20 e 27 anos ouvidas informalmente. Para elas, os homens não são mais o que eram: não mandam flores, não pedem em namoro, não abrem a porta do carro e não correm atrás.
A palavra de ordem é que “os homens ficaram frouxos”. O que isso significa exatamente elas não souberam dizer, mas a maioria se sente enganada com as histórias românticas das suas avós e mães. O conceito geral é de que até pouco tempo os homens agiam diferente, eram carinhosos, companheiros e atenciosos. Tanto que quando uma mulher conhecia um cara bacana, ele podia até acabar fazendo parte da vida dela.


Assim, pensar em casar e constituir uma família fazia parte da vida para ambos os sexos. Hoje, a história mudou. Segundo essas jovens, os homens não querem compromisso afetivo, não dão de si e encaram as mulheres como meros objetos. Entre muitas reclamações, elas se queixam que depois da primeira saída, a falta de compostura e, em certos casos, a má educação é o mais comum.Para culminar, culpam as mulheres que queimaram os sutiãs por terem criado filhos que viram as mulheres como insensíveis e que criaram outros filhos que não sabem mais como tratar uma mulher. Está claro que o comportamento feminino mudou muito nos últimos tempos e, é mesmo verdade que, ao queimarem simbolicamente seus sutiãs, as mulheres decretaram para si, entre outras coisas, a liberdade de incluir ou não um parceiro nas suas vidas.


Mas ao exigir mudanças aquelas mulheres não imaginaram que as suas descendentes iriam, algum dia, culpá-las por terem feito isso. É no mínimo engraçado que, depois de conquistarem o mercado de trabalho, o direito de ir e vir, as jovens queiram de alguma forma voltar atrás.
A realidade é que o sentimento de abandono vem obrigando a maioria das jovens a pensar que uma vida amorosa estável e duradoura é um privilégio do destino com o qual poucas vão poder sonhar. Mas nisso é preciso lembrar que essa nova geração de homens também está sendo obrigada a mudar rapidamente a forma de agir e pensar. Hoje, compartilhar a maternagem dos filhos e os cuidados com a casa fazem parte do dia-a-dia de muitos homens, mesmo para aqueles cuja jornada de trabalho é superior ao de suas companheiras, comportamento impensável anos atrás.


Não resta dúvida de que as mudanças sociais, apesar de acontecerem lentamente, de tempos em tempos, parecem brutais e injustas. Mas é válido pensar que se os homens não sabem como agir com essas novas mulheres, elas também não estão sabendo como lidar diante das mudanças.
Na evolução da sociedade, as mudanças foram sempre antecedidas por rupturas e desentendimentos, e no caso da mudança do papel feminino, não seria diferente.
Assim, é de se pensar se estas jovens mulheres não estarão exigindo que a resposta dos homens à nova realidade feminina não se acelere, fazendo parecer “frouxo” o que é apenas o tempo normal para se adaptar.


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