segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Números são infinitos

Gosto como a vida toca comigo. Dificilmente escolho os caminhos mais fáceis, e mesmo assim sempre tenho a sorte de encontrar pessoas que facilitam os passos. Nem sempre o mais difícil é pior. Costumo dizer que não troco minhas dificuldades por uma vida fácil, porque se assim fosse talvez eu não tivesse a bagagem que carrego, o que proporciona me desesperar raramente. Embora dramática, são poucas as situações em que me preocupo. Gosto de como a vida me ensina.

Os mais velhos costumam achar que os mais jovens podem aprender com bons conselhos ou exemplos, mas eu ainda penso que o melhor aprendizado é aquele vivenciado, sentido, curtido e todo o mais que a experiência nos traz. Se alguém me pedisse para resumir a minha vida eu responderia um número. Números explicam muitas coisas, datas são números e carregam tanta coisa consigo. Eu detesto datas, detesto a exatidão da matemática (por não poder modificar, principalmente), nunca lembro aniversários; mas, hoje entendi algumas coisas sobre números.

Algumas marés chegam para que a gente aprenda a descer do barco e nadar sem equipamentos. Tenho aprendido isto, me afoguei amargamente, mas reconheci uma parte de mim capaz de coisas que eu jamais poderia imaginar, e que até julguei sem conhecer. Gosto como a vida pode me surpreender. Eu aprendi que é nos piores momentos da vida que as coisas boas surgem, porque são intensas, porque são de repente e porque definitivamente se escolheram ficar nesse momento vêm sem interesse nenhum e por isso, são sinceras. E eu arriscaria até dizer, eternas.

Não porque serão para sempre, mas porque nos oferecem intensidades que modificam elementos nossos de forma definitiva. E o definitivo é eterno. Eterno é o autoconhecimento que vamos adquirindo ao longo do amadurecimento da vida. Vamos nos sentindo mais inteiros, embora nunca completos; gosto como a vida me fala sobre mim. Aqueles que nos rebaixavam, já não têm mais tal capacidade. Aquele chão que caiu já não é a única base que possuímos. Dores vão sendo elaboradas, novas dores vão surgindo e te mostrando que tu aguenta mais do que imagina e que algumas forças só surgem quando de fato é necessário, impossível de prever.

A superação de tudo isso é que te coloca numa posição tão imensa de plenitude contigo, capaz de olhar no espelho e afirmar: Gosto como a vida me fez até aqui! Vai surgindo um amor próprio, por tanta descoberta, gosto como ousei me conhecer nos últimos meses. Dizem que estar em sua própria companhia é frustrante, mas eu sempre apostei que estar frustrado era o primeiro passo para se alcançar o que mais cedo ou mais tarde, é preciso. Ousar ultrapassar limites, ousar entender que os queridos são os piores, ousar que a vida é algo admiravelmente individual e só você é capaz de modificar a sua.

Concluir mais um ciclo compreendendo todos os outros que já passaram, unir os fatos, entender coincidências que no fundo nunca existiram. Saber o seu lugar, por mais complexo e misto que ele possa ser, não necessariamente encaixar naquele padrão bonito, e se sentir infinitamente belo. Por encontrar alguém nada mais nem menos que à si. Este ano foi disparado o pior e o melhor ano da minha vida. Conheci lugares, reencontrei pessoas, vivi novos afetos, reconheci à mim mesma. Encerro este ciclo absolutamente agradecida. E sobre o resumo da minha vida? 2014.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Viva de paixão

É que não importa muito o quanto a gente tenha certeza no que diz, é geralmente nessas convicções que a gente trai a gente mesmo e dá com a língua nos dentes, como dizia minha vó. É possível a cada decepção jurarmos nunca mais cairmos no mesmo buraco, transformamos nosso coração em aço. 

Só porque a gente jura nunca mais se apaixonar por um idiota, é que nos deparamos com o próprio na fila do pão, justamente naquele dia de vestir a roupa pra passar, e sair com o cabelo sem arrumar... E ele? Ele... elegantemente em suas havaianas branca e azul, lindodemorrer pedindo "cinco pão". E cá está de novo varrido o louco do teu coração. Como dizia um velho amigo: Coração é uma merda!

Só porque a gente decide voltar pra madrugada, é que ela, aquela lá sabe? também decide dar uma vagabundada. E sair a noite perde de novo o sentido, de que vale mesmo estar na multidão perdido? E ela? Cheia de razão! Já teve um amor em vão.

Em algum momento da vida a gente vai achando que tá no comando. Mas por algum motivo que eu prefiro chamar de "estamos vivos", a vida descamba, o construído desanda. Que comando? Que verdade? Todos andando sentido qualquer fuga desta então feliz realidade.

E ainda sobre aquele juramento, os que não esquecem de cumprir, morrem antes de saber que no fundo, o que movia a vida era a paixão e que por alguma razão semelhante à vida sem ela, morre-se do coração. E se nem morrer mais é certeza, enquanto puder, enquanto houver tempo, enquanto ainda respirar vida, viva de paixão.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Luto insistente

É que a gente insiste naquilo que nem a gente sabe porquê. Ele não era tão bonito assim, mas a gente não esquece o jeito como ele segurava o violão e cruzava a perna direita sobre a esquerda. A verdade é que olhamos, mas não vemos aquilo que todo o mundo vê. De repente nem viamos o que realmente estava ali. É que a gente insiste naquilo que a gente quer ver, e isso nem sempre requer eternidade. Haverão tantas outras pessoas com o mesmo cheiro amadeirado, mas nunca mais aquele misturado com o frescor do pós barba dele.

Talvez por faltar resposta do porquê é que a gente insista, se alguém responder um dia é como se fossemos loucamente atrás de novas perguntas. Mas não é isso que acontece, então a gente fica sem saber, loucamente nessa fixação. A gente vai insistindo, deixando para lá qualquer conduta aceitável. Porque ele tinha tudo que todo homem tem, ombros comuns, mas ainda assim, a gente vai insistir em reparar naquela pinta no ombro esquerdo, que nasceu depois de conhecê-lo. Ombro que um dia, foi a base para não cair um mundo. 

É a forma como os pelinhos do braço tombavam para a mesma direção, com um redemoinho próximo ao punho. A forma de olhar de canto, meio sério, meio quase rindo. Aquele telefonema empolgado que depois virou chamada perdida e que a gente insiste só pra ouvir a gravação da secretária eletrônica de novo, de novo. Insiste na tentativa de que a morte só aconteça no final de filmes tristes. Insiste em depositar saudade no lugar de todo o resto.

Mas como nem ele mesmo foi capaz de corresponder tamanha eternidade, aquilo que nomeamos como "nossa vida juntos", vira "uma vida à continuar". E o que nos resta fazer com o entendimento de que a base do mundo nunca deve estar nas mãos de outro? ou nos ombros, melhor dizendo. A gente aprende que desenhar ao nosso modo, ilude nós mesmos. E que colocar na balança aquela mania dele em mentir é tão importante quanto aceitar que a perfeição de um infinito, teve fim.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Tanto faz

- Vai querer o quê?
- Bem, tanto faz.

"Tanto faz" não é resposta de quem não sabe o que quer, "tanto faz" é resposta de quem não sabe como falar aquilo que realmente quer. Porque eu não consigo acreditar que alguém realmente não tenha preferência por mussarela ou calabresa. E se a vida chegou ao ponto, em que vermelho e azul sejam indiferentes para esse sujeito, me desculpe, mas ele permitiu que a própria vida virasse um "tanto faz", em algum momento que podemos refletir sobre diversas questões.

- Quer começar?
- Tanto faz.

Quando a vida nos dá a oportunidade de iniciativa, "tanto faz" pode ser a nossa negativa, afinal quem começa não faz pergunta nem oferece alternativa, simplesmente toma a frente com ação. Se achar que é a hora, basta à você saber que é, vai. Comece. Escolha começar. Porque na vida nem sempre nos é dada a oportunidade de escolha, e ainda que não haja esta, houve então a escolha de uma não escolha. Como um plano de não plano, eu sempre digo isso. Mas que seja verdadeiramente tua essa opção e, de mais ninguém.

- Pedi laranja para você, tá?
- Já pediu? Ah, tanto faz.

Mas acontece que nem sempre a pergunta vem aberta, e aí fica ainda mais ousado você se opor ao "tanto faz", como se fossemos obrigados a responder aquilo que a própria pergunta nos traz. E não tô falando de perguntas concretamente, tô falando de convívio, de vida, de prática, de dados empíricos que pude observar. Algumas pessoas têm a covarde mania de provocar o "tanto faz" alheio e impedir assim, a existência do outro, que agora vive nas suas condições impostas. Não foi uma gentileza, foi uma condição controladora. A laranja já estava à caminho, mas naquele dia ele queria manga.

E ai chega no momento em que não há mais perguntas. Os gestos te humilham. A profundidade te domina. O "tanto faz" sentido te apaga. Em absolutamente qualquer época da tua vida, jamais se permita viver de momentos que tanto fazem. Dia nenhum "tanto faz" deve ser a tua resposta. Para que se por alguma razão, não houverem mais perguntas, seja somente o teu querer sobre si e sua existência que falem daquilo que nasceu para ser. Esta oportunidade é única, seja também.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Perdas

Perde-se a paciência, perde-se a hora ou até mesmo a consciência. Pode ser perdido porque de alguma maneira deixou de ser compreendido. Pode ser perdido porque deixou de ser ouvido, o som esquecido. Perde-se alguém, perde-se aquilo e por quantas vezes, perde-se o trêm. O trêm da tua sida, pra sarar tua ferida, o trilho à nova vida.

Perde-se a coragem, deixa-se de lado toda a vantagem. A gente perde a própria imagem. Perde-se a chave, chuta-se na trave, nota-se um passado que ainda invade. Perde-se porque quer perder, porque nunca veio a pertencer, porque mais cedo ou mais tarde iria mesmo morrer. Perde-se quando menos se quer perder e, quando mais se acha capaz de conhecer.

Porque perder faz parte, participar é a grande arte. Nessa busca pela verdade, encontrar realidade. Perde-se a ilusão, encontra-se com o luto e se renasce para a razão. Perde-se a inocência, vive-se a adolescência, fruto da inesquecível experiência. E por fim, entender que nada foi perdido, nem tão pouco lhe proibido. Perdas que modificaram fatos, por pura consequência de seus próprios atos.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Quais são as suas palavras?


Porque só meu nome não diz quem sou eu. Amo as palavras porque elas nos permitem a comunicação, informação, expressão, emoção, etc. Eu sou completamente apaixonada pelas palavras em um texto, e seria mesmo se não soubesse ler o que está escrito. Não entendo isso, eu simplesmente amo palavras. 

Acho bonita qualquer caligrafia, porque carregam consigo todas as palavras daquela pessoa, como, personalidade. Quem nunca ouviu de um amigo: Obrigada pelas palavras! Já existe até a nomenclatura palavra-de-amigo. Então palavras também são presentes que doamos à alguém que as espera; ou não espere tanto assim, mas precise delas.

Se palavras são a união de letras que geram significados, então não existe letra feia, existem letras carregadas de uma história diferente da nossa. Rotulamos mais uma vez de feio aquilo que não é familiar, só pela vaidade de não reconhecer que o diferente pode ser até mais interessante do que nós mesmos. Essa dinâmica só é possível através das palavras. Mas hoje eu só quero te apresentar à você.

Lhe trago hoje a questão: Quais são as tuas palavras? Aqui vale tudo, sem críticas e/ou desaprovações, porque ninguém pode saber ou avaliar melhor as tuas palavras do que tu mesmo. Se tu tivesse que se resumir em cinco palavras, isso seria possível? Tenho certeza que sim. Não precisa de ordem cronológica, nem regras... verbo, coisa, sentimento, sexta-feira, qualquer coisa. Defina-se, e descubra que tu és absolutamente incrível. 

Música - Árvore - Psicologia - Espiritualidade - e Palavras.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Quase ninguém ama

"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade" 
(1 Coríntios 13:4-7)

O maior barato de falar do amor é que ele existe em todas as categorias possíveis, mas jamais em medidas. Podemos amar absolutamente tudo, mas nunca ter conhecimento do quanto o amamos, porque amar não tem peso físico, embora toque nossa carne de felicidade e dor, o amor dispensa a ciência. Ama-se a banda favorita, o cachorro, ama-se a pátria, o time, ama-se a família, ama-se a si próprio. É tanta categoria, quero dizer, pode ser gente, coisa, lugar, sentimento, ego, tudo... O amor realmente está em tudo, até naquele ódio de não conseguir odiar nem por um instante. Sem a possibilidade do físico, pesa-se em profundidade, sem dúvida que sim. Porque dói. Sua moda de rima sempre é a dor, nas músicas, poemas e principalmente na vida.

Isso acontece possivelmente porque estamos confundindo o sentido do amor, colocamos ele numa posição e acreditamos que a profundidade do outro pode ser medida. Tu me ama, mas tu me ama assim igual eu te amo? Podemos falar eu te amo, mas não poderemos afirmar que a pessoa compreendeu a profundidade disto para ti, nem mesmo a pessoa quem diz sabe, nunca saberemos. E o ser humano tem um antigo costume obsessivo de sofrer pelo que não pode controlar. Isso dá razão para as rimas. Neste caso, a expectativa é a palavra par do amor, andam muito perto e isso é um grande risco. Ama aí da forma que lhe ocorre, mas deixa o outro amar a sua maneira. Para mim, o grande par do amor, no mundo atual, é a palavra doença. Assim como o amor é confundido quando passado de pessoa para pessoa em palavras subjetivas, também acontece com o limite do amor.

Como sempre digo, até o limite tem limite nessa vida. E tudo que acaba, dá abertura para algo começar; quando acaba o limite, começa a doença. O amor tem ocupado o lugar da vida, enquanto que o amor é só mais um fator que move a vida, é diferente de ser a própria vida. Enquanto o amor for colocado no lugar do chão que piso e ar que respiro, haverá dor. Acredito que aquela passagem da Bíblia sobre o amor está sendo mal interpretada, é linda e nos ensina o real amor, mas devemos sempre lembrar do mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo. (vou repetir, como a ti mesmo, mais ninguém).

Na dificuldade de nos amarmos primeiro, tornamos impossível o amor ao próximo, julgamos o amor do outro como se não fosse real só por não ser igual ao nosso. Mas escolhemos um único elemento para amar loucamente, egoistamente e confundimos todo o amor ensinado ao mundo. Vejo gente matando e morrendo por amar demais e me pergunto se na verdade, não matam e morrem por adoecer demais? Lembro de um amor que tudo sofre, crê, espera e suporta. Quem morre não pode esperar por nada, crer muito menos. E não tô falando de morrer real, nem do matar homicídio. Quem ai tá morto há anos e não se deu conta? E quem aí reconhece que matou a esperança de alguém por brincar de seduzir?

Mas amar não é brinquedo, nunca foi e nunca será. Isso foi aumentando numa proporção absurda e, tenho observado, que por fim, quase ninguém ama. Uns são doentes e outros apenas se defendem do medo de amar. Não existem formas erradas de amar, existem formas erradas de entender o que é o amor. Essa palavra pequena desencadeia infinitas respostas no coração de quem a ouve; na dúvida, cale-se para si mesmo e a única coisa que o outro saberá com isso... é a tua verdade.

sábado, 23 de agosto de 2014

Flashes de uma vida

Quando vemos alguma foto antiga nossa, vêm os comentários né!? Porque naquela época eu era morena, eu morava em tal lugar, estudava com fulano, e blábláblá.. A clássica "Nossa, com eu era magra!", quem nunca? É bom rever fotos, porque nos recordam bons momentos, e se os momentos não eram tão bons assim, pelo menos podemos analisar que tudo nessa vida passa e hoje há novos obstáculos que no futuro serão só fotos pra recordar. É bom ver o que evoluímos, realmente isso é muito bom.

No passar dos anos vamos mudando o corte de cabelo, alguns lugares que frequentamos, entre outros costumes. E os costumes antigos vão sendo guardados em um espaço que não é esquecimento, porque ainda podemos recordá-los, mas existe um lugar não físico que guardamos aquilo que com o tempo deixam de receber a nossa atenção no momento, deixam de ser "a gente" dali em diante. Vamos mudando algumas gírias, e até pessoas da vida. Nossa personalidade é a mesma, e são tantos estímulos externos que vamos modificando de alguma maneira a nossa própria identidade. Posso até lhe contar o segredo de que muitas vezes, só para agradar ao outro passageiro, que também passou, passado. 

Foram tantos tropeços que hoje a gente não cai mais tão facilmente, mas também não se apaixona mais aquelas borboletas de antes. Às vezes, nunca mais. Foram tantos amargos que hoje não é qualquer probleminha cotidiano que nos faz chorar, mas também esquecemos aquela sensibilidade de observar porque as formigas andam tão perfeitamente em fila, por que nenhuma desvia e foge aventureira? Nascem novas questões, como por exemplo, que que eu vou fazer agora com essa saudade?

Sim, viver é evoluir, mas observei que a evolução também é deprimente, maliciosa, cansativa. Dai me perguntei como faço pra voltar pra mim? Me quero de volta, vida. Mas a vida tá passando, já guardei minhas essências na pasta do quase esquecimento e descobri que aquela saudade era de mim mesma. Como pude me esquecer de mim? Não existe evolução que se regresse e não podemos saber disso até que se queira regressar. Quando se sabe, quando se quer, já virou fotografia.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Puts, é a mulher da minha vida

Mulheres, já pensaram em quem é a mulher de suas vidas? 
Homens, já pensaram em quem é o homem de suas vidas?
Não valem nossos pais e avós.

Sim, nós temos. E se tu ainda não tem, vale a pena refletir sobre eles. Os tabus de antes e agora nos limitam para tantas coisas extraordinárias. Mas para quem tem autoconhecimento, idai?, tabu é pra quem ainda tem muita sessão de terapia pra viver. Uma vez conversando com um amigo, ele disse assim "A mulher da minha vida será morena, pele clara e olhos verdes", após 7 anos, tive o privilégio de reencontrá-lo no WhatsApp da vida e, de fato, ele encontrou a tal mulher da vida dele, do jeitinho que ele imaginava. Como ele adivinhou? Mas, quem será o homem da vida dele? Este, ele possivelmente não imaginou como seria.

Não tô falando do cara que ele se espelhou para ser o homem que é. Quero dizer, o homem da vida dele é o cara que ele bateu o olho e disse "É ele." e, isso não tem absolutamente nada a ver com homossexualidade. Também não pode ser somente alguém que admiramos, se fosse assim eu teria várias mulheres da minha vida. Eu tô inventando isso tudo, é só mais uma teoria minha, por isso está aqui neste blog e não precisa de comprovação nenhuma. No entanto, tenho convicção de sua autenticidade.

O homem e mulher da tua vida é provavelmente aquela pessoa que não vai passar o resto dos dias contigo, não combina nos gostos musicais, prefere o frio enquanto tu prefere o polo verão, por isso te completa tanto. É aquela pessoa que sempre deixa uma pergunta sem responder, e ao mesmo tempo, fala como se soubesse quem é você, enquanto que nem tu mesmo tenha ideia de quem sejas. É aquela presença bem-vinda, sem malícia. Aquele papo que fica, aquele bar que vai repetir, aquela conexão que só se explica perguntando: Te conheço de algum lugar?

Ou, aquele pensamento jamais confessado: Como não apareceu antes? Ou, aos mais misticos: Encontrei minha alma gêmea. Estudos comprovam que alma gêmea não existe, mas há quem acredite e acho que dentro da minha teoria, ta aí uma boa nomenclatura, porque não exige gêneros distintos, pode ser qualquer um. Encontrar o homem ou mulher da tua vida é um tiro certeiro, mas também não é amor a primeira vista, porque não estou falando de amor. Tô falando de uma união de energias que não podemos controlar, não escolhemos porque é bonito ou diferente, nascemos prontos à espera do encontro real. Quem é essa pessoa na tua vida?

Sim, é essa primeira que lhe veio a cabeça, confie na tua psiquê, não tenha medo de assumir a ti mesmo, lembre-se que o autoconhecimento nos fixa no que somos e não em tabus. Se não tens ideia de quem seja, é porque ela ainda não chegou, a vida vai lhes apresentar em breve. Porque quando ela passar por ti... não haverá duvidas. Vale a pena ter alguém para marcar nossas vidas sem compromisso ou explicação.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

mmafra no Facebook

Amores, estamos no Facebook agora!!!

Sempre tive vontade de ousar por lá, espero que seja legal!!!
Obrigada à todas as mensagens lindas e sugestões.

Blog mmafra no Facebook.



Beijos, MM.


sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Eu e a dependência química

Há 6 meses fui cobrada a ajudar ao próximo. O que eu venho fazendo com a minha saúde e tempo de vida? É fácil pensar em uma vida boa, com sonhos realizados, é sem dúvida agradável viver bem. Notei que as pessoas mais incríveis que eu já conheci buscavam sempre melhorar na vida. Mas eu tive ensinamentos em um determinado momento e lugar, de que, não basta sermos melhores, não basta evoluirmos em todas as áreas de nossa vida, se, não houver caridade. A principal mensagem que Jesus nos deixou, quer tu seja religioso ou não, que seja histórico apenas, Jesus disse para amarmos ao próximo como a nós mesmos. E eu resolvi amar quem precisa, não quem eu quero amar. Que mérito tem quem ama ao que nos ama? E que mérito tem quem ama ao que nada nos tem a oferecer? Eu fui atrás de trabalho voluntário.

Pensei a princípio em trabalhar com gestantes, diante da minha identificação hoje como mãe. Sempre valorizei a empatia como ferramenta principal em qualquer relação. Sabe quando nada dá certo para um plano? Disse uma nova amiga minha há alguns dias "Nosso erro é achar que nós escolhemos a nossa demanda, por que na verdade, a demanda é quem nos escolhe". Minha praia não era gestantes. E foi numa quinta-feira que eu entrei como visitante em um grupo terapêutico para dependentes químicos, sozinha, sem saber quem procurar, sem entender porquê estava alí e o pior de tudo para mim, sem saber por onde começar a tal auto-apresentação.

Tenho pensado muito nisso e em como registrar mais um momento novo da minha história aqui no blog, então vou trazer o que mais tem me chamado atenção. Os pontos principais que venho observando, sem clichê, sem teoria; e sim a prática, a minha vivência com famílias que sofrem, e muito, com esta demanda que me escolheu e que eu não me opus nem pretendo me opor por todo o tempo que me for permitido. Preciso confessar e desabafar o meu apaixonamento por um trabalho forte, difícil, amargo, real, distante, vítima de preconceito e absolutamente recompensador. Em busca de ajudar ao próximo, eu me senti acolhida, ajudada e, exatamente no lugar onde deveria estar. Sem hora pra ir embora.

Quando falamos em dependência química, logo pensamos em drogas, álcool e também medicações lícitas. Eu pensava assim até lidar diretamente com ela. Tenho aprendido que o fator maior na maioria, poderia arriscar dizer até todos os casos, o fator maior e mais importante não é a dependência química em si, mas os outros e diversos fatores que levaram o indivíduo ao uso da substância, ainda no princípio, e que se fossem tratados a tempo, talvez (eu disse talvez) ele não estivesse passando por esta luta agora. É certo dizer que nem todos que usam qualquer tipo de substância se tornam dependentes, mas também posso afirmar que a maioria que conheci até agora, não usaram de maneira moderada. Afinal, o "barato" é a brisa. E como já ouvi e até já repassei em brincadeira "beber para não ficar bêbado, é engordar de graça". Mas o uso abusivo leva a dependência e de uma mera brincadeira, à patologia, à dor, à morte.

Desde então eu não consigo mais beber como antes e passei a ver os meus experimentos curiosos até então como um grande risco para a minha saúde e também saúde familiar. Dizem que nada é por acaso né.. cada dia mais eu tenho certeza disso. Há alguns anos tive um relacionamento ao qual fui muito apaixonada, e com o passar dos anos descobri que ele era usuário de drogas, digo usuário porque na época ele ainda não sofria de nenhuma dependência química. Aquela vivência me traz hoje, muito da empatia que eu pensei ao escolher o meu trabalho de caridade. E foi aí que a demanda veio e veio com tudo. Eu não pude mais me abster do tema e dei o meu depoimento em grupo, contei a minha história, as minhas dores da época, como estou hoje diante daquilo. Eu me senti a louca co-dependente, mas como também disse essa minha amiga "quem não é?", e foi assim o meu ingresso na demanda dependência química.

Pude observar que a dependência química, embora uma doença, é uma dependência como todas as outras que existem por ai, como comer, comprar, jogar, transar, sem controle. E a co-dependência, também existe em diversas áreas de todos os relacionamentos, seja com um adicto, seja com trabalho, parente, lugar e o mais importante para mim, costumes. A visão se amplia, e tu passa a ver o dependente químico como um cara absolutamente igual a ti, com dificuldades de lidar com as emoções (lembra as questões primárias que falei acima?), com exercícios que SÓ POR HOJE foram cumpridos e que amanhã começa um novo dia. E o co-dependente é só uma pessoa tentando entender que aquela outra pessoa que a gente julgava ideal, é na verdade, alguém falho e doente, que por vezes nos deixa mais doente do que "o doente" em si. Eu percebi que o adicto tem um perfil mesmo muito parecido, atraente, como eles são incríveis!! Mas que cada qual em suas nomenclaturas, são todos iguais, na busca por libertação.

Libertação da fissura; libertação do luto simbólico daquele que achávamos que era perfeito; libertação dessa vida que virou um inferno; libertação dessa co-dependência diante do suicídio do meu marido; libertação esta que já não sei aonde encontrar, mas que com o depoimento do meu irmão, eu posso acreditar que ela exista. E ir atrás dela. Porque a vida ainda vale a pena; porque eu definitivamente não preciso da droga para respirar, vivi 12 ou 20 anos sem ela; porque meu casamento acabou e eu não quero perder mais nada; porque meus filhos têm vergonha de mim; porque só me restou a vida para continuar; porque só por hoje eu posso sim conseguir tudo o que eu desejo. Não por positivismo, nem porque pode ficar ruim, se estivesse bom não estaríamos em tratamento. Mas porque dessa vez, eu escolhi, e eu posso mudar.

Fiz esse parágrafo acima porque também entendi que não é o familiar que vai libertar o adicto da dependência, nós quando co-dependentes temos essa falha de achar que podemos controlar a vida do outro, na tentativa de libertá-lo do que julgamos - para nós - ser algo nocivo. Mas nada é mais nocivo do que tirar do outro a oportunidade de escolher o próprio destino, é frustrante pra ele e principalmente para nós, porque isso não é possível até o fim. Esquecemos que a vida é de cada um, e que todos temos o tempo certo para mudarmos, ou não. E isso é extraordinário na terapêutica desses pacientes, a aceitação de que agora o jeito é esperar e cuidar de si, para que quando de fato o dependente químico precisar de ajuda e aceitar tal, sua base esteja forte o bastante para lhe acolher, ambos em busca de uma sobriedade necessária, talvez não eterna, mas o bastante para se viver em paz hoje.

Eu cai de cabeça, hoje sou psicóloga voluntária, atendo junto de uma nova amiga e impecável psicóloga aos familiares deste grupo, em outubro darei a minha primeira palestra, entrei para um curso de capacitação para prevenção de recaídas na dependência química pela Universidade de Guarulhos, neste sábado participarei de um congresso sobre política e drogas e, não pretendo parar tão cedo. 
Tem sido extraordinário! Eu me encontrei.

Este post fiz em registro e também, carinhosamente, aos pacientes do Grupo Fraterno do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz - Unidade Vila Galvão.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Aquilo que me coisa

Sempre esse caderno sem linhas e essa vontade de ir para qualquer lugar que por alguma razão nunca é um lugar concreto, ou possível, ou perto. A velha vontade de jogar tudo para o alto e apenas ir... Aquela vontade de estar dentro deste avião que está passando agora, não importando o seu destino, apenas estar lá à caminho de qualquer sentir. Insistência esta de me envolver com aquilo que não dou conta, sem perceber à mim tamanha afronta. 

Como se a vida fosse esta página sem linhas que limitem o escrever, se eu quiser de repente mudar a direção ou fonte, nada me impeça de fazer. Essa neurose que me faz repetir, repetir e querer mudar tudo só para repetir outra vez. Esse desejo do que ainda nao é, nem nunca será talvez. Porque é massante, porque é concreto demais, estressante. Pode até ter pertencido a lugares e coisas, mas sabia-se também este, viajante. 

Ondas que se formam de repente, causam um pequeno ou grande caos e que se vão assim como vieram. Intensas no presente, lembradas num futuro e absolutamente inexistentes de um passado que na verdade se esqueceram. Essa insatisfação que me cala, este grito no silêncio que me abala. Essa obrigação de que devemos estar no mesmo lugar que nosso corpo.

Como se fôssemos nada além deste monte de carne e osso. Como se a minha mente não estivesse naquele voo, como se ao desembarcar eu também não estivesse de volta ao corpo. E no fundo, entre essas não-linhas, eu soubesse que, naturalmente, nunca estive perto de ninguém e já não sabendo o que fazer com a neurose, desenvolvi essa maldita falta de aventura que me faz optar pela loucura. 

sábado, 7 de junho de 2014

Fernandão, nosso eterno capitão.

Quem me conhece sabe da minha paixão colorada e brasileira... Em festa com a chegada da Copa do Mundo no Brasil, me peguei nesta madrugada procurando uma imagem que unisse Brasil e Internacional para minha capa do Facebook. Quisera eu acordar nesta manhã e continuar neste ritmo. Mas hoje não tem colorado e gremista, hoje tem respeito, reconhecimento e dor. Quisera eu por um instante acreditar que não passou de mais uma brincadeira de mau gosto das redes sociais. Quisera eu, tu por uma eternidade nos dando alegrias. Que lá de Goiás levou a plagas tão distantes feitos relevantes. Viveu, brilhou e por tanto fez brilhar meu colorado. Aquele que minha filha saberá quem foi. As mãos que levantaram a taça em 2006 e foi motivo de festa em nossos corações. Quão alegre emoção nos deu este eterno capitão! Sorte que a tua história fez parte da história do Internacional; sorte dos clubes que tiveram a honra de marcar a tua história como profissional, e estes que me desculpem, mas que satisfação pelo estigma de ídolo Internacional. Que teus astros cintilem num céu sempre azul e que todo brasileiro vibre por um jogador que foi e sempre será orgulho do Brasil. 

terça-feira, 22 de abril de 2014

Marina

Existem pessoas que amam, existem pessoas que depositam em outra pessoa a grande responsabilidade de serem a sua real razão para viver. Algumas pessoas têm esse alguém ao qual não existiria razão para existir sem. Eu tenho uma Marina. Mas não é uma Marina qualquer; a Marina da minha história se tornou a real razão de muitos para continuarem uma luta chamada "Tenho esclerose múltipla".

Há alguns dias minha irmã, portadora de esclerose múltipla há 2 anos, criou um blog pessoal nomeado MGMAFRA, onde ela discorre num estilo diário super atrativo e cômico sobre a doença. Este meu post é para divulgar seu trabalho esplêndido; mas também para que todos saibam de uma luta chamada: "Porque não eu?"

Hoje em dia é difícil ver irmãos como Marina e Marília, devo esta gratidão à nossa mãe que sempre castigou a culpada e a cúmplice por jamais entregar a outra, eu geralmente era a cúmplice, quase vítima pela frequência rs. Assim crescemos, juntas no bom e ruim. Não poderíamos imaginar que algo de tão ruim estaria por vir anos mais tarde.

Em 2011 descobri que eu estava grávida; ano de TCC na faculdade, tomando anticoncepcional, com uma convocatória dos Médicos Sem Fronteiras na caixa de entrada do meu outlook. Poxa, a rescem casada é a Marina, porque eu?? Também não poderia imaginar que em poucos meses eu me faria justamente a pergunta inversa.

Como geralmente nada sai como planejo, logo vi o lado maravilhoso da mudança de planos. E não demorou para a minha Marina ter a primeira internação. Eu ficaria aqui escrevendo estrofes infinitas, não seria novidade para ninguém. Mas eu respondi a minha pergunta, somente o amor da maternidade para me fortalecer no medo pavoroso de perder a minha cúmplice.

Como neurótica estudante da ciência humana, fiz contato com uma representante brasileira de doenças autoimunes na Índia, descobri um laboratório lá que faz tratamento com células troncos, inscrevi a Marina. Como arrumar as células? Planejei outro filho. Como pagar o tratamento? Venderíamos os carros, daria para pagar passagens pra ela ir sozinha e receber um mês de tratamento.

Enquanto a Marina lutava para andar e tentava sobreviver com aquele pesadelo, eu aprendia a tabuada para calcular toda a grana envolvida. É claro que eu estava fora da realidade e os cálculos mais perdidos que minha cabeça. Encontrei um médico com tratamento alternativo no Brasil, liguei e agendei a consulta, achei que estava no controle de tudo. Só esqueci de perguntar à personagem principal o que ela realmente gostaria de fazer com a própria vida. Liguei e desmarquei a consulta.

E pela primeira vez em 22 anos, algo ruim fez com que nos afastássemos por um tempo. Antes que eu enlouquecesse nós duas com meu desequilíbrio. No meio disso tudo a nossa Sophia. Eu não parei de estudar, voltei de licença maternidade e virei uma célula tronco gigante ambulante. Tudo o que eu queria saber com toda aquela pesquisa, era na verdade: "Porque não eu??"

Quem nunca se fez essa pergunta não sabe o que é se sentir impotente. Após 2 anos, com este blog que hoje divulgo, em um post que venho elaborando há dias, eu, ou a minha própria Marina, respondem a minha pergunta. Não foi eu pelo principal detalhe que acabei deixando passar pelo desespero. A Sophia chegara. A esclerose múltipla também. Ambas teriam de chegar. E as duas não poderiam vir na rescem casada.

Eu enfrentaria essa parte por nós duas, afinal, sempre fomos uma só, lembra? Todos os meus planos mudaram, porque eu não teria a força que essa guerreira teve, e recebi a parte mais leve, a parte da irmã mais nova. Para que a missão dela fosse cumprida sem interromper a chegada da Sophia. Hoje somos mães e a própria Sophia prova isso em suas preferências rs.

Eu não posso viver os sintomas da esclerose, mas sou cúmplice nessa dor, tô de "castigo" junto! A Marina não pôde dar a luz a Sophia, mas basta ela chegar para o mundo da Sophia fechar nas duas, e que por sinal veio a cara dela. Este post é para a minha Marina, mas principalmente aos familiares de portadores de E.M. que também se perguntam "Porque não eu??" 

Vai doer todos os dias a impotência, mas eu prometo que a cada dia desses, as coisas vão lhe mostrar que para ter esclerose múltipla não basta ser só alguém assim como eu e você, tem que ser uma Marina.









sexta-feira, 4 de abril de 2014

Princesas na minha disney



Olhar as princesas da Disney sempre me traz a mente as minhas amigas, quem nunca buscou identificação em cada história? A incrível coincidência - ou não - daquelas que mais se parecem fisicamente também serem as mais semelhantes em desejos e história. Aquela que sonha em um mundo sempre diferente, que canta docemente e conquista o que quiser com tamanho talento @mgmafra ... Aquela que às vezes parece que nasceu para viver esse romance, mas que seu príncipe por algumas vezes mais parece uma fera, no entanto bobo por ela @tatahonorato ... Aquela que prova que podemos ser princesas e lindas até com aquele cabelo diferente do padrão e esquisitices como andar com anão @charlottesometimes_ ... Aquela que já voou mundos em seu tapete mágico da imaginação, mas escolheu aquele príncipe que ninguém imaginava e que se saiu melhor que qualquer outro @carlamerello ... Aquela que ama, simplesmente ama, com os olhos, com a doçura meio espalhafatosa e que vale mais que o ouro de seus longos cabelos @natipmora ... Aquela que soube esperar, que superou muita gente e no final deixou inveja pra uma cidade inteira engolir porque somente ela coube no sapatinho de cristal, essa eu rebobino a fita e assisto quantas vezes for permitido @adriana_g_lima ... E aquela que me traz a cultura oriental, quase contida, meio abrasileirada, que poderia ter o príncipe que quiser, mas sonha com o guerreiro impossível e vai à guerra para conquistar @mayarahashimoto ... Claro que existem muitas princesas por aí, mas a Disney tratou de criar justamente as minhas amigas. Que massa, não?! Amo vcs.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Abri mão

Talvez eu ainda não esteja pronta, talvez só não esteja disposta a dividir minha prateleira de livros, nem abaixar a tampa do vaso sanitário. Talvez amanhã eu nem escreva sobre como me arrependi. Porque principalmente hoje, eu não quero ouvir conselhos; de mim e do que passei, quem sabe? Cada qual sabe parte, mas e o todo de mim? Pode acontecer de eu conseguir. O fim é tão relativo quando ainda estamos vivos. E quem de fato morre?

Perdi as minhas maiores certezas, perdi a fé e a refiz, respondi perguntas, abri novas questões, servi novos pratos à minha frente. Parte disto pode ter me transformado em qualquer coisa que não queira mais tolerar. Foram poucas as oportunidades que vi se repetirem e, eu não posso perder mais meu tempo, seu tempo, tempo de tudo que me rodeia, por exemplo os planetas desta galáxia, entre tantas outras tão maiores.

Tudo se movendo o tempo todo e eu nesta sala a pensar sobre o jantar. Realmente, talvez eu ainda não esteja pronta nesta vida. Meu "mundo cozinha" se expandiu, eu quis voar. E voei. Voei para tão distante daqui e de tudo que todo o mundo chamou de mundo perfeito. Talvez eu seja doida demais para aquela perfeição. E me desagradei. Faltou e eu voei, pulei fora, nadei contra a corrente. 

Porque eu nunca fui todo mundo. E este foi o grande erro, vindo de mim mesma, tentei fazer o que todos diriam que seria perfeito, me esquecendo de tamanha imperfeição minha. Acabei com os sonhos desse povo todo, povo este que nada têm com a minha maluquez. Se eu tô preocupada? É o que o mundo todo faria. Sinto-me livre, sinto-me muitas de mim, de várias eras, de vários mundos.

Porque eu não nasci para amar pessoas apenas, amo lugares que não me prendem e coisas que me atraem com a liberdade de sempre querer voltar, amo cheiros meus e cheiros que vão e vêm, corem que ficam na memória. Sim, eu preciso disso para sobreviver e, não poderia mais viver a beira da morte, presa longe de quem sou. Por mais ingrato que isto soe para todo o mundo, eu nunca fui parte deste mundo todo. Abro mão.

terça-feira, 18 de março de 2014

É errado pensar que o amor vem do companheirismo de longo tempo ou do cortejo perseverante. O amor é filho da afinidade espiritual e a menos que esta afinidade seja criada em um instante, ela não será criada em anos, ou mesmo em gerações.
Khalil Gibran

sábado, 8 de março de 2014

Poema de gratidão

"Muito obrigado Senhor!
Muito obrigado pelo que me deste.
Muito obrigado pelo que me dás.

Obrigado pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz.
Muito obrigado pela beleza que os meus olhos vêem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar
Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.

Muito obrigado Senhor!
Porque eu posso ver meu amor.
Mas diante da minha visão
Eu detecto cegos guiando na escuridão
que tropeçam na multidão
que choram na solidão.

Por eles eu oro e a ti imploro comiseração
porque eu seique depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão!

Muito obrigado Senhor!
Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro
A melodia do vento nos ramos do olmeiro
As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro!

Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais!
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro.
E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro!

Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir
Porque eu sei
Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir!

Obrigado pela minha voz
Mas também pela sua voz
Pela voz que canta
Que ama, que ensina, que alfabetiza,
Que trauteia uma canção
E que o Teu nome profere com sentida emoção!

Diante da minha melodia
Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia.
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.
Oro por eles
Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova
Eles cantarão!

Obrigado Senhor!
Pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram
Que semeiam, que agasalham.
Mãos de ternura que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos
De caridade, de solidariedade
Mãos dos adeuses
Que ficam feridas
Que enxugam lágrimas e dores sofridas!

Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias!
Pelas mãos que atendem a velhice
A dor
O desamor!
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio!
E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar!

Obrigado Senhor!
Porque me posso movimentar.
Diante do meu corpo perfeito
Eu te quero rogar
Porque eu vejo na Terra
Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar.

Eu oro por eles
Porque eu sei, que depois desta expiação
Na outra reencarnação
Eles também bailarão!

Obrigado por fim, pelo meu Lar.
É tão maravilhoso ter um lar!
Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for.

Que dentro dele, exista a figura
do amor de mãe, ou de pai
De mulher ou de marido
De filho ou de irmão
A presença de um amigo
A companhia de um cão
Alguém que nos dê a mão!

Mas se eu a ninguém tiver para me amar
Nem um tecto para me agasalhar,
nem uma cama para me deitar
Nem aí reclamarei.
Pelo contrário, eu te direi

Obrigado Senhor!
Porque eu nasci!
Obrigado porque creio em ti
Pelo teu amor, obrigado senhor!"
Poema de Gratidão - Amélia Rodrigues (Divaldo Pereira Franco)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Viajei com um anjo

Eu não poderia deixar de registrar, sim, existem anjos e alguns cruzam por nós sutilmente, que nossas próprias barreiras não nos impeçam de enxergá-los. Peguei um ônibus com a Sophia, cheia de mochila, um calor desgraçado.. optei por sentar naqueles bancos unitários para evitar maiores contatos devido ao calor. Eu fui ridícula. Não demorou para eu perceber que o sol batia no nosso lado da janela, ...quase insuportável. Olhei para o outro lado e tinha uma senhora muito simples, roupas gastas, posso arriscar até que o cheiro de urina que sentia vinha dela, ao seu lado tinha um lugar vago. Ela olhou para mim e disse "Sentem aqui comigo, aqui o sol não bate".
 
Atrás do óculos espelhado, eu diria super cafona, olhos bem marcados pela vida, a gente sente se olhar bem fundo. Eu aceitei, fomos para seu lado, a Sophia logo lhe deu sorrisos e ela retribuiu dizendo "tá estranhando esse cabelo duro para cima né?". Quem me conhece sabe o quanto eu detesto conversas "de elevador" em lugares públicos, mas aquela senhora me derrubou com sua simplicidade. Eu deveria ter sentado ali desde a hora que entrei no ônibus, com ou sem sol e ter aproveitado ela desde o início. Ela conhecia quase o Brasil todo por causa da música, em sua juventude fazia parte de um grupo de dança, tem o dom da música, canta e compõe lindas canções. Falamos sobre o calor sim, mas ela também me deu uma rica aula de chás terapêuticos, como a minha vó Geny fazia e, me desmontou de saudades da minha véia.
 
Com 73 anos não tinha 1 problema de saúde nem tomava remédios, segundo ela, devido aos chás preventivos, me explicou aonde comprar e como preparar. Eu viajei com um anjo aquele trecho, tenho certeza. A sofisticação da música está nas coisas mais simples que podemos imaginar e, a simplicidade tem muito mais a nos ensinar do que qualquer outra coisa nesta terra. Porque o que vale é a alma, o espírito, a história de vida e não o corpo, nem mesmo se ele esteja com cheiro de urina ou sujo. Diante de tantas publicações de ostentação que leio todos os dias, tantas reclamações e fotos de viagens de valor, eu não poderia deixar de falar de um anjo chamado Ita Loá, que eu tive o imenso privilégio de conhecer em um ônibus público na cidade de Guarulhos/SP. Que a gente tire os olhos do próprio bem estar e enxergue a nossa volta.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Naqueles dias

É a minha primeira postagem de 2014, estou entrando em meu 7º ano de Blog, o que vai tornando cada vez mais difícil coragem para cancelar enfim esta página. No fim das contas, vez e outra, eu sempre acabo passando por aqui. Movida pelas minhas emoções, boas ou ruins, acabo voltando aqui. E para meus próprios registros, valerá a pena um dia.
 
Para um início de ano eu gostaria de postar coisas bem legais e positivas, mas nem todo começo é bom. Sem falar do maior calor da história da minha vida, posso afirmar que já tive dias melhores. Dias que deixaram saudade em todos os outros que viveria, e eu nem sabia o quanto isso era verdade. Há alguns dias acesso meu blog, escrevo, deleto e vou dormir, talvez eu desista hoje também. Porque há momentos em que o silêncio fala por nós, até mais do que qualquer frase ou texto bem elaborado e pensado. Outro dia minha irmã me marcou em uma foto no Instagram, quando alguém marca a gente nos sentimos quase que na obrigação de comentar qualquer coisa, na tentativa de corresponder talvez, eu não sei, comigo é assim. Mas eu não tinha palavra praquela foto, tratava-se de um daqueles dias de saudade em todos os outros.
 
Sempre que sinto vontade de pedir o conselho de alguém experiente sou obrigada a me lembrar que a minha vó Geny não está mais neste plano carnal, mas eu ainda estou e a saudade dói de fato na carne. Por instantes penso que espírito não sente dor, e me pergunto se ela sente saudades daqueles dias como eu. Se tem uma coisa que aprendi em meus 20 e poucos anos é que nem todas as minhas perguntas terão respostas, pelo menos não na hora que eu quero; que tudo sairá do meu controle quando eu mais precisar e que as pessoas que eu mais amo partirão da minha vida como num piscar de olhos, sem conotação. E tudo aquilo será apenas dias de saudade em todos os outros. Por mais amargo que possa parecer, é mais que isso, porque a pior saudade é aquela de nós mesmos, de quem um dia fomos naqueles dias.
 
Quando vejo a minha filha fazer coisas incríveis para a idade dela, concluo que a evolução humana é extraordinariamente linda de se observar, um tanto cômica também e, contraditória quando me vejo tão igual aos meus pais. É um bando de neuróticos na tentativa de concertar o que julgamos erros do passado, recriando novos erros igualmente, desta vez com ferramentas modernas, como um cérebro mais desenvolvido talvez, não sei o que entender por evolução humana, deve ser tudo menos psique. É como se a cada dia o mundo estivesse mais doente "da cabeça" invisível, sem remédio, e os médicos como principais enfermos. E aí me bate aquela saudade dos dias que eu não vivi, quando a minha bisa Joana ainda guria deve ter vivido uma infância ignorante de tecnologias no interior do sul do país, mas cheia de vida. Estes sim foram dias de saudade em  todos os outros até o fim, aqui dentro de mim.
 
E também como primeira postagem do ano eu sempre gosto de falar das minhas expectativas para o novo ciclo e todo aquele blábláblá que sempre tento aderir... desta vez nada tenho a dizer. Dos planos que já fiz para minha vida, tá, virou piada. Já que nada acontece como nos planos mesmo, meu plano para este ano é não planejar nada, o que para os críticos já será um plano em si, mas se for para ter um plano que seja um plano de "não plano". Porque às vezes a vida decide melhor que nós, e no meu caso, melhor nem entrar neste ponto. Quem sabe assim hoje se torne um dia de saudade em todos os que ainda virão.