sexta-feira, 25 de maio de 2012

Tê-la

Nos últimos anos eu fui levando a vida com algumas músicas e sempre sem resposta para as minhas perguntas insatisfeitas, dramáticas, enfim, nesse mesmo estilo meu. E hoje as coisas estão tão felizes por aqui, One Love é a música que mais toca, e quando a ouço em qualquer outro lugar lembro da minha filha, que lembrança boa. Principalmente quando esta lembrança ainda faz parte do meu presente, e posso revivê-la todos os dias, posso tê-la, mesmo que por tempo determinado. Eu dificilmente acreditei que pudesse ter algo para mim, talvez por medo de perdê-la um dia, eu sempre me defendo desses riscos, prefiro não ter nada a perder um dia. Mas hoje eu tenho uma Sophia para mim. E que isso não fique só para mim porque seria sufocante, divido isso com o Bru, a minha irmã que tem sido uma baita tia, meu cunhado e mais alguns amigos família.
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É natural que toda essa aquisição gere uma crise dentro de mim, burrice pensar que só as perdas geram confusão dentro de nós. A Sophia é a minha maior crise por aquisição que eu poderia sofrer, ainda assim, quão bom tê-la. Sofrer o adorável é mesmo muito prazeroso. Ela é a minha companheira, quando acordada, fica com esses olhões abertos para onde estou, quietinha, como se me ajudasse a lavar as roupas e louças, como se conversasse comigo lá da porta enquanto eu tomo banho, como se deitasse comigo e dissesse "hoje trabalhamos duro, foi produtivo!". A gente vai vivendo a sensação de sermos uma coisa só, como psicologicamente para ela ainda somos, mas na vida real. Me pego com a mana, sonhando com momentos tão próximos e ao mesmo tempo tão precoces de se sonhar... A festa junina, o velho chapéu de palha. Ela nasceu no dia do índio, é inevitável não esperar pela apresentação especial do dia do índio, ou melhor, da Páscoa, as orelhinhas de papel com algodão.
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No dia das mães, tenho certeza que minha irmã irá querer ir junto - se isso for possível - só para assistir aquele esquerda-direita ensaiado há semanas com as músicas decoradas em conjunto. O cabelo chanel com franja, eu jurei nunca fazer isso quando tivesse uma filha, mas porque não? Eu já tenho aqueles papos e ideias de mãe e agora, sempre levo um casaco a mais caso ela precise. E se isso não for o bastante, tiro o meu sem problemas, mães não ficam gripadas. O Bru brincou comigo outro dia, que fui promovida a rainha, pois agora a princesa dele é a Sophia... Foi uma brincadeira, mas tchê, que responsabilidade brincar de ser rainha! Eu quero receber de Natal aqueles cartões de cartolina com papel dobradura vermelho, com cheiro de cola branca... as maiores produções já vistas pela mulher que é mãe. São detalhes que vão fazendo a minha vida mais alegre. Eu só consigo repetir, como é bom tê-la, filha. E o mais legal de tudo, é que acabou de começar...