quinta-feira, 13 de novembro de 2008

ABORTO

Tema que gera bastante polêmica, e pessoalmente acredito que continuará por um bom tempo. Sabemos que no mundo de hoje temos as devidas orientações para prevenção a gravidez não planejada por todos os lados. E por mais que digam “Ah, ela não assistia televisão?”. É evidente que nenhum método contraceptivo é considerado 100% seguro. E o não planejado, pode sim acontecer. Mas o que pega mesmo é a questão: Legal ou ilegal? Os abortos provocados podem ainda ser classificados como terapêuticos (para salvar a vida da mãe) ou eugênicos (quando o feto contrai doenças graves) e possuem caráter legal em diversos países. Quando ocorrem simplesmente por desejo da mulher, geralmente possuem caráter ilegal por serem considerados criminosos. Como no Brasil, por exemplo.

Para escrever sobre o abordo, li alguns artigos sobre a opinião dos cristãos e espíritas. Segundo o espiritismo a união entre a alma e o corpo começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção o Espírito designado para habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela se conta no número dos vivos e dos servos de Deus. Bem místico né? Achei interessante que em casos que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mão dela, o preferível é que se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe. Os cristãos devem ser exortados a enfrentar os obstáculos e manter reverência pela vida, desde o momento da fecundação até ao último suspiro, pois crêem que desde a sua concepção o embrião é uma vida e só Deus é Senhor dela. Não consegui concordar muito com isso.

Minha família é cristã. Pode ser que fique bem polêmico eu expor minha opinião aqui sobre o tema, mas levantada a questão: “Concorda com a despenalização da IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez)?” Se a gravidez for risco para a gestante e se for da vontade dela, que seja em uma clínica legalmente autorizada, porque não?? Eu como estudante da vida humana, priorizando sempre a vida, voto que sim. Que os cristãos olhem para a vida tão preciosa da mulher, que também é de Deus. Que também é vida, e responsável por ela. Não sou a favor da liberalização do aborto, mas sim da despenalização das mulheres que, por diversas e pesadas razões, se submetem aos abortos clandestinos. Situações que acabam prejudicando sua vida física e psicológica para sempre. Digo sim não para defender a prática indiscriminada do aborto, mas para não acrescentar à dor de abortar, a humilhação... E em meio a tudo, ter o sofrimento da penalização. Quem somos nós para condenarmos alguém?

Preciso levantar uma crítica. Não quero generalizar, sei que há excessões. Mas tantos cristãos acreditam que devemos amar ao próximo como a nós mesmos, isto é mandamento, todos deveriam seguir. E o amor para com a mulher? Há uma contradição muito injusta e egoísta aí. A fundo, entraríamos em uma questão econômica também. Desculpe os que não concordarem comigo, mas estou do lado das famílias menos favorecidas, de quando houver a arrogante necessidade de recorrer ao aborto, com a decisão final da mulher.

Há alguns anos, apesar de constar no Código Penal a legalidade do aborta-mento quando a gravidez é conseqüência de estupro ou risco de vida da mãe, nenhum médico de hospital público se dispunha a atender esses casos sem a autorização de um juiz. O que significava peregrinação da gestante por meses a fio, até que a gravidez estivesse num momento em que já não era mais possível o abortamento. Esta era a técnica do médico para esquivar-se de atender. Porém em 20 de agosto de 1997, em uma sessão tumultuada realizada na Câmara dos Deputados pela Comissão de Constituição e Justiça, foi aprovado por 24 votos contra 23 o projeto que obriga os hospitais da rede pública a cumprirem a lei de efetuarem o abortamento nos casos de estupro e risco de vida da mãe. Que máximo, pensei. O que vim saber agora é que o Código de Ética Médica dão ao médico o direito de não praticar um aborto quando sentir que isso ofende seus princípios morais. E aí?

Pois é, me vejo em 2008 e sinto que nada mudou. Por estas e outras acredito que seja difícil esta polêmica um dia cessar. É um assunto muito longo....

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