domingo, 13 de junho de 2010

...hoje menos indignada.

Numa terça-feira, em 7 de outubro de 2008 eu publiquei um texto aqui em meu blog que eu quero retomar hoje. Costumo ler sempre meus próprios textos, os antigos claro... Os recentes eu me recordo bem. É interessante que eu esqueço das coisas antigas que eu escrevo, e quando volto para ler depois de um tempo é como se estivesse lendo pela primeira vez, o que é ótimo, pois percebo que amo ler o que escrevo, sempre me ajuda e me faz também ver como minha cabeça e vida estão evoluindo. É um amor próprio que eu me permito ter. E por falar em amor, na postagem que citei acima, eu falava sobre uma enquete que eu havia visto num site feminino, que questionava: "Você é feliz no amor?"
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Inocentemente, na época, eu respondi que sim e levantei uma queixa sobre relacionamentos amorosos, de casal, e em como me surpreendi com a maioria das mulheres infelizes no amor. Muita coisa aconteceu de lá para cá, achei lindo ler o que eu tinha para mim naquela época, mas refiz dentro de mim o que de fato poderia ter acontecido com aquela enquete tão surpreendente para mim, como disse... na época. Com outros olhos, outro coração, eu hoje escrevo mais uma vez o mesmo assunto, hoje menos indignada. Vambóra... Não é uma questão de acertar ou errar, querer ou não querer, o mundo está doente e parece que esta doença é contagiosa. Perceba meu raciocínio amargurado, mas realista. Naquela época só me faltou saber que amores são traídos e nem sempre o "eu te amo" do outro significa o mesmo que nós dizemos para ele.
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É explícita a infelicidade no amor que o mundo se encontra, claro que há pessoas satisfeitas e bem casadas, mas eu tenho certeza que a grande maioria delas têm uma história para contar a qual não foram bem sucedidas. Eu tenho certeza disso, a grande maioria. O por que temos que sofrer acho que é um super enigma do mundo, como "de onde viemos e para onde vamos?" ou "quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?" Todas as minhas amigas próximas compartilham comigo experiências passadas a qual sofreram por algum homem, e todos os meus amigos homens também por alguma mulher. Então não é culpa dos homens nem das mulheres, melhor assim, pois não me culpo e posso escrever generalizando o ser humano, que é sobre o que eu gosto de escrever, o ser humano e suas relações com o meio externo.
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Enfim, onde quero chegar? Cada vez que alguém sofre, ela libera isso em algo, ou alguém... É essa situação que eu vou chamar de doença contagiosa do mundo. Machucamos quem nos ama, por que estamos machucados por quem nós amamos. E a dor vai se transmitindo, num ciclo cheio de perguntas e sem respostas. E então encontramos o grande amor da nossa vida, ao qual amamos e somos amados, só que não somos mais aquele puro coração inocente; e não nos permitimos como normalmente o faríamos. É uma crítica ao ato de amar? Eu não sei, só tô tentando achar um assunto que possa chegar mais perto de uma explicação, do por que alguém que escreveu aquilo em outubro de 2008, possa ter mudado tanto em 2 anos. Que daqui 2 anos, eu possa me criticar, que em junho de 2010 eu esteja completamente enganada. E eu passo a entender a psicanálise daquela professora que vive num blábláblá nada esclarecedor de se ouvir, mas super transparente de se sentir, agora.
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Todo tempo o mundo barrando dentro de nós o nosso completo e sincero desejo, então vamos dando um jeitinho brasileiro para que de alguma forma parte deste desejo possa acontecer. Exprimido, retraído... batalhado, sai aquele sentimento mixuruco; amamos como da para amar, e não como desejamos, em meio aquele manejo todo saem pessoas mal amadas. Mal sentidas. Mal satisfeitas. Incapazes de entender que o outro também não pode ser 100% ele. Sim, essa doença pega. Vamos repetir neles tudo o que fizeram conosco e ao entrar na internet para distrair a cabeça, abrirá bem grande uma página com a seguinte enquete: "Você é feliz no amor?" E tu terá um post em meu blog para ler, sobre tudo isso que eu acabei de escrever. Quem sabe mais esclarecedor, ... hoje menos indignada.
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Sem mais.

2 comentários:

Carol disse...

Ma,
que blog espetacular...
Você pediu para alguma amiga sua providenciar um blog? Cá estou eu...rs...
Eu ainda não estou no seu "level" né? Mas você vai ser minha tutora...rs
Amei a forma como você escreve! Inteligente, sincera, absolutamente exposta mas ao mesmo tempo com reservas.
Uma coisa louca?
Coisas de Marília!
Quanto mais te conheço guria, mais te gosto!

Bjjjus na testa

GUINA disse...

Uma grande desgraça, um maldito alucinógeno que invadiu os lares para destruí-los e apodrecê-los, moral e espiritualmente (sentido filosófico da palavra) foi a Televisão. Este poderia ser um extraordinário veículo de formação de valores éticos, cívicos e morais de suma importância, mas, devido ao fato dele ter nascido e adquirido a finalidade praticamente exclusiva para fortalecer a política neurótica da cultura do industrialismo; então, vamos testemunhando o fim dos sentimentos estéticos e sensíveis por parte do homem moderno, que não mais contempla nem se dá mais ao prazer de se sensibilizar diante da beleza das coisas e das nuanças do cotidiano, e, consequentemente, o nascimento de uma novo tipo humano condenado, cada vez mais, a distanciar-se do amor, da fraternidade e da solidariedade para assistir, dentro dele mesmo e sem a devida consciência crítica, o renascimento dos valores atávicos, primitivos ou monstruosos, tão muito bem previstos pelo filósofo grego Aristóteles, pelo judeu-alemão Karl Marx, pelo judeu-alemão Sigmund Freud, muitos teólogos modernos e intelectuais sérios, embora nenhum deles tivessem falado, por exemplo, que o nascimento de tais monstros ou os traços dessas monstruosidades primitivas teriam que chegar, também, no universo psíquico de muitos Estadistas, políticos, autoridades e outras personalidades que se acham e proclamam condutores da Humanidade. É o fim, ao que parece, da continuidade da beleza da vida, como reflexo decorrente da evolução de uma cultura humana e humanística, para dar lugar a psicopatia do industrialismo e a transformação paulatina da Humanidade em apenas miseráveis e tristes consumidores, sem mais direito algum de serem saudavelmente felizes, porque a indústria do consumo e o Coliseu romano moderno, que é a Televisão, se juntaram, sob o apoio irresponsável de políticas econômicas holocáusticas, por parte dos Estados modernos, para dizimarem a alegria natural da alma humana. Resultado: o homem vem se transformando em matéria brutal, férrea, sem mais janelas como antigamente.



PORTAIS


Ora, janelas não existem mais
se, porventura, ainda as tem
muito poucas são aqui e além
todas estão sem mais ninguém

Antes, abriam-se como postais
páginas de livros encantados
flores abertas ao sol matutino
porque nelas, sim, tinha gente

Os velhos abria-nas contentes
apreciavam detalhes do tempo
enquanto os jovens, ah, estes

Olhavam o mundo com ternura
Agora, isso está morrendo...
A vida ganhou estranha morte.


Guina