terça-feira, 7 de setembro de 2010

Agenda em branco.

Falta o que escrever, porém tão cheia. Por quantos dias tentei explicar minha falta, meu vazio? Sem mais um texto de insatisfação, tão parecido e com as mesmas inspirações... Eu, tão cheia. É essa coisa que diz "Às 18h45 em tal lugar" ... "Te busco às 23h00, esteja pronta." E tudo que sinto vontade é de algo tranquilo, sem hora marcada, só por estar ali. Não sei se é uma fuga de qualquer comprometimento, mas por quanto tempo comprometida e hoje livre ao ar. Tão cheia disso, desmarquei todos os meus horários, por mim. Arranjo poluído, menos por favor. Hoje o dia será preenchido. Quanta roupa para passar. Diversos dias para resolver diversos problemas. Lembre-se de passar no supermercado.
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Preciso fazer a unha e ir ao banco, mas a manicure só tem horário às 15h30 e o banco fecha às 16h00, antes ou durante o almoço em família. Desculpa, mas eu desmarquei todos os meus horários, por mim, tão cheia disso. Há dias tenho parado para escrever e disso não saio, parada, sem o que poder elaborar. De início pareceu vazio, então consegui juntar ou cindir para palavras. É aquela multidão em silêncio no lance quase gol, tão cheio de sentir e vazio de ruídos. Assim eu, tão cheia de sentir e vazia de palavras, parada. Difícil de mais. Os polos estão mais próximos do que podem imaginar: Cheio de luz, vazio de escuridão; amor pelo que lhe odeia, odeio de amar; vontade de nada, tudo de vontade.
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Tão cheia de teoria, livros para ler, após esses dias de folga devo acabar o último livro para o próximo seminário. Tão cheia de engolir, vomitei ele, nele. Tão cheia de pensar, dormi. Tão cheia de sonhar, acordei. Tão cheia de viver, tomei um banho e comecei de novo. Desculpa, mas eu desmarquei todos os meus horários, por mim, hoje não nos veremos. Tão cheia do que me tornei para com o outro, desliguei meu celular, não aceitei companhia, decidi me reconstruir para mim, por mim. Não pergunte o que irei fazer amanhã, por que irei desmarcar qualquer evento que me encha ainda mais, seja ele real ou imaginário.
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Quando a minha vida passou a não depender de absolutamente ninguém além de mim, essa ousada liberdade tomou conta e eu desmarquei todos os meus horários, por mim, tão cheia daquilo. Organizar os horários entre fazer a unha, ir ao banco e almoçar em família se tornou fácil, quando me vi com uma tarde para esquecer um passado e uma atitude para decidir um futuro. Tão cheia de pressão, escolhi fazer nada. Tão decepcionada com as pessoas, admirei minha cachorra. E com a agenda em branco, tão cheia de fuga, me permiti surtar.

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