segunda-feira, 16 de novembro de 2009

EU E MEU TECLADO

Poucos sabem, mas... diferente de toda guriazinha de 5 anos, eu não sonhei em ser professora. Queria ser baterista. Loucura! Meu pai é músico, cresci com a música e evoluí nela. Com a promessa de que assim que meu pai voltasse para o Brasil eu iria ganhar uma bateria, comecei a estudar a música.
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Um teclado, uma partitura iniciante, 1995, interior do Rio Grande do Sul. Como e onde tudo começou. Lembro que eu odiava ir para a aula de teclado, mas na esperança de ganhar a minha bateria e de já ter certo ritmo para poder começar o meu grande sonho, fui sendo motivada. As poucos aquela teclas pretas... brancas, acordes maiores, menores, de 7... Me conquistaram.
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Festivais no pequeno município lá estava eu e meu querido teclado. O orgulho do pai. O dádiva do dom musical. Como não poderia ser diferente ao som de The Beatles. Foi o momento "tcham" deste romance, eu ficava horas determinadas por dia em exercícios cansativos e irritantes de se ouvir. Eu me entreguei naquela atividade como profissão e foi a melhor fase.
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Meu pai voltou para o Brasil... Eu não ganhei a bateria. E continuei a estudar o teclado. 2002 vim para São Paulo e com a separação dos meus pais a vida mudou para nós. Esqueci por uns bons anos da música... Esqueci os acordes. Ou pelo menos achei que tivesse esquecido. Como minha mãe diz "é como andar de bicicleta". E como há 15 anos atrás...
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Sol.. Mi... Mi... Sol... La... Tirei a poeira do meu teclado, ainda o mesmo de 1995 e revivi uma grande história. De amor e muitas angústias. Foi compliado tocar sem meu pai, esqueci alguns acordes, mas fui tentando. Isso foi há duas semanas. Neste domingo tirei Yesterday, fiquei praticamente o dia todo na tentativa, e ainda fico insegura para tocar ela inteira sem pausas, mas o importante é o recomeço e a disposição.
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Fechar os olhos e sentir a música, deixar que os dedos te levem a algo inominável, que é completo. A plenitude. Bá! Que maravilha...! A saudade satisfeita. O arrependimento de um dia ter deixado de lado. Contudo tenho MUITO para estudar. Estou disposta e feliz de mais pelo nosso reencontro. E cumprir o meu verso favorito "todo dia é de viver para ser o que for e ser tudo".

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