terça-feira, 21 de julho de 2009

O que vale a tua vida?

Não sei bem do que quero escrever no momento, são várias questões e partes deste todo tão complexo que tenho para mim. Acho que vou deixar o título para o final. Há duas semanas quase perdi a minha cachorrinha. Neste final de semana se foi uma pessoa tão querida à mim e tantos, posso dizer que era uma flor entre as mais belas no jardim onde a conheci. E assim a vida acontece, e se vai, sem aviso ou convite. A vida se vai. Como a vida da minha avó em 2007. Falando nisso, vou focar mais a minha angústia de hoje, há dois anos perdi minha avó e conheci a morte pela primeira vez. Escrevi sobre, como sempre faço com o que vivo, aprendo e me surpreendo. E acho que quero voltar ao assunto, não exatamente o mesmo, mas eu diria um subtítulo ou um novo capítulo para minha gigante questão aqui (o universo). Acredito que pelo menos uma pessoa - além de mim - já se questionou isto.
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O que exatamente devemos ou merecemos fazer até que a morte chegue? É bonito amar e feio matar. Matar é muito forte, vou deixar o feio e errado como usar drogas, tá, pode ser. Eu sou contra o uso de drogas, mas tô cansada de ouvir que drogas faz mal. Há tantas campanhas. Sabemos o que nos faz mal e o que queremos fazer de nós mesmos. Eu amo muitas pessoas, mas preciso querer lembrar as vezes que eu erro odiando alguém, que eu minto as vezes, que não obedeço aos 10 mandamentos sempre. O que eu faço com meus dias de vida, é... deveria ser tudo aquilo que eu realmente quero, afinal, depois que eu morrer "quem se importa com o que eu deixei de fazer?" Ninguém, pois só eu sei do que me privei, e no final, morri na vontade abraçada com o meu próprio julgo. Sabe? Enquanto pessoas folheiam a "Caras" e escolhem suas classificações na moda - que a mídia diz ser moda - lindas modelos e estilosas pessoas estão sendo enterradas de baixo da terra, com o bichos titulados de "nojentos". A natureza se tornou nojenta de mais. A morte chegou para aquele par de salto alto?
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Enquanto homens buscam status com carro e mais dinheiro que todos os outros seres do sexo masculino ao derredor, famílias ficam sem estrutura emocional e percebem que o dinheiro definitivamente não compra tudo que precisamos. Alguns jamais entenderão o que eu escrevo hoje, mas eu não faço questão. Se tudo acabará em morte, não faz tanto sentido assim, no mínimo, o estresse no trabalho. Não posso julgar, que cada um enfeite a vida como deseja, mas que o "como deseja" realmente aconteça. Minha crítica é apenas nos que fazem o que o manual diz. Ahhh para... pifa essa televisão, mas tenta por si só! Por que este manual na verdade não existe. Nunca existiu. Quero zelar para que na chuva tu esqueça o guarda-chuva e cante a pureza da chuva sobre ti. Cara... eu nem tenho um guarda-chuva. É um absurdo eu tomar chuva né? Mas por que estamos tão preocupados em preservar a vida se a gastamos esperando a sexta-feira? Tem gente que empurra a segunda, terça, quarta, quinta e sexta... e vive apenas dois dias, e o mais incrível... em uma semana que nos oferece sete!!! Eu tomo chuva mesmo, tem um chuveiro me esperando em casa e por isso a chuvinha fria vale a pena.
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Esta semana fui trabalhar e vi pessoas com máscaras se protegendo provavelmente da gripe suína, a nova praga do momento. Se for para ir trabalhar protegido, chegar em casa a noite e nem jantar com a família, tomar o banho de "tirar o cansaço" e ir dormir... pega logo essa tal gripe do porco e se mata desta rotina insuportável. Para alguns depressivos talvez a morte seja a melhor saída, o que eu concordo em partes, acaba logo com a dor. Contudo eu preferiria viver bem. Clarice Lispector matou a pau todas as suas escritas com "Ter nascido me estragou a saúde".. Clarice que me desculpe, mas a culpa é toda dela. Quer saber? Deixa teu cachorro latir, eu tenho uma pinscher, sei o que isso quer dizer. Não sou mãe, mas libera teu filho para a excursão do colégio, que mal tem em ele ir conhecer o macaco, o elefante ou a feira de ciências? Somos tão negativos que ao entrar em um avião, vivemos o delírio - tão real - de que justamente aquele vôo irá extraordinariamente explodir no ar... Eu me preocupo tanto em me formar psicóloga, que as vezes me esqueço de curtir um livro que eu realmente quero ler e após o prazer de terminá-lo, então colocar a minha psicologia nele. Dá pra conciliar.
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Infelizmente, pelo menos no mundo que me foi apresentado, Fulano é o advogado, Sicrano é o médico e Beltrano é.... "Ah Beltrano é um colega do Sr Importância." Somos aquilo que temos, mas a vida é ligeira de mais para juntarmos coisas inúteis. O que é coisa inútil? Para mim, tudo aquilo que tu aqui deixará após morrer. E o verdadeiro tesouro é o que tu guardará para ti e para que os outros lembrem de ti pelo que eras e não pelo que deixou. O tesouro de ter feito exatamente aquilo que o teu infantil te pediu. Neste parágrafo lembrei de um amado amigo, que dará a conclusão para a postagem de hoje... ele resume tudo que quero dizer:
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... ainda em 2007 quando minha avó morreu, resolvi passar uns dias em Porto Alegre para distrair a cabeça. Chegando lá meu irmão informou que um amigo nosso de Bagé havia recebido diagnóstico de câncer e estava se tratando alí na capital. Meus dias para distrair a cabeça foram em um hospital, todos os dias íamos para lá e ficávamos todos juntos. Aquele guri me ensinou tanto sobre a vida. Eu amo hot dog, lembro que numa noite ele esperou todos saírem do quarto e simplesmente fugiu para comermos um super dogão numa pracinha que tinha ali perto... eu, ele e meu irmão. Tu faria isso? Eu talvez não, com medo da consequência. Cantamos reggae e gaudérias, ele não estava preocupado. Eu tive que voltar para São Paulo, e dois anos depois ele morreu.
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O mundo precisa de pessoas como aquele guri, que "chuta o balde" e vive adoidado. Não tenha medo de parecer louco. O que realmente merecemos fazer até que a morte chegue é qualquer coisa que te faça bem. Não tem segredo. Nosso amigo estava careca, sem sobrancelhas, com a sonda ainda no braço, "fugitivo de um hospital" comendo dogão na praça gaúcha! O que vale a tua vida? Tudo que for preciso...

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