É hora de voltar...

Quem nunca acordou com aquela vontade louca de mudar o visual? Hoje quero falar do quanto mudanças externas falam de desejos ou sentimentos internos. Eu nasci loira e fui loira por toda a vida, porém, há 2 anos atrás eu encasquetei de pintar o cabelo de ruivo. Muitos disseram que sim, mas muitos disseram que não. Eu fiz mesmo assim! Muitos aprovaram, mas muitos reprovaram e opinaram para eu voltar pro loiro. Enfim... Tudo isso para dizer que naquele momento, nada me faria ficar na cor que eu estava. Ou no lugar e condição em que me encontrei.

Numa bela manhã de sábado, a gente acorda e a manhã não parece tão bela assim.. Está tudo no devido lugar, menos você. Eu achei que não poderia virar para o "mundo no lugar certo" e simplesmente falar: Preciso ir embora! À vezes a gente acha que não tem saída, que dessa vez não há para onde correr. Há momentos em que tudo flui normalmente, enquanto a sua cabeça gira anti horário, como se nada evoluísse, tudo parasse na insatisfação de não se sentir no lugar certo. O que a gente faz? A gente pinta o cabelo de ruivo acobreado. (Lembro que este post trata sobre mim, não falo por todos, ok?! Esta é uma elaboração da Marília.)

Sim, às vezes projetamos no nosso físico mudanças que não são possíveis internamente, ou no meio que vivemos, e então consolamos a nossa psiquê com uma mudança drástica e até contra a maioria, só para mostrar que quem manda aqui sou eu! E posso ser ruiva já que, por um bom tempo, todas as minhas ideias vão ter que passar por um furacão até entenderem que é naturalmente possível a gente querer mudar de vida, mesmo quando tudo diz que está bem... Se você não estiver, leva um tempo até entender que pode mudar.

Foi o que eu fiz. Precisei de um tempo para provar pra mim mesma que quem manda na minha vida emocional sou eu. Pobre de mim! Mas a maré passou, os ventos sopraram a favor, claro.. eu tive que levantar do sofá e comprar uns 24 tubos de tinta cobre, eu sabia que sentada não resolveria nada. Acontece que nas últimas semanas senti vontade de voltar para o loiro e pensei... Marília, por quê? Dentro da minha interpretação de tudo isso, eu não preciso mais mudar nada para me sentir potente. Hoje eu me sinto no caminho certo, no lugar que deveria estar. 

Tá quase tudo nos eixos e posso voltar a me sentir dentro de casa com meu loiro natural. Claro que, quando pintei os cabelos tive uma incorporação de identidade fenomenal, porque naquele momento era disso que eu precisava. Eu queria mostrar que era diferente, eu precisava daquele "capacete" para me defender de tudo que eu iria armar dali em diante... E eu armei! Fiz o que tinha de fazer o tempo que foi preciso, durante dois anos.

Há 1 mês comecei o tratamento para retirada da química ruiva, e até o final do ano estarei como a natureza me fez. Foram semanas refletindo sobre tudo isso, até que conclui este post sobre como projetamos em nós mesmos mudanças que não são possíveis naquele instante, e como aproveitamos tudo isso para nos defendermos de nós mesmos e do mundo. Agradeço ao visual ruivo por me sustentar até aqui, mas é hora de voltar.. Depois da maré de insatisfação, angústia e furacão, sinto que estou de volta pra casa.