quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Repentinamente a vida

Eu quem ligava, de repente passei a não atender. A gente se importa tanto com algumas coisas, quando de repente os valores mudam, a importância deixa de importar. O indiferente ganha cor. De repente, mãe. De repente, loira. Eu sempre pedi brinquedos no dia das crianças, de repente, tô comprando os da minha filha. A vida roda e de repente tu deixa de ser o que era, passa a ser o passado de amanhã, que alguns chamam de... de repente presente. Planos de chão para de repente voar. Planos de ar para de repente cair. Sonhos de defesa para de repente estrela. Sonhos de amor para de repente amor, sim amor. E a vida vai rodando, rodando, rodando. E quantos de repentes em tua vida lhe surpreenderam? De repente todos. Mas, de repente... foi melhor assim. De repente preto. Ideias de solidão para de repente multidão; ideias para uma nova vida quando de repente monotonia. De repente alta. De repente clara, ou não. Porque no fundo não precisa mesmo de uma exatidão. Vi minha filha nascer, de repente vi o paciente do lado morrer na  UTI. Choramos juntas nossa separação, de repente cantamos sobre um só amor, um só coração.

E em uma cidade como São Paulo, não podemos deixar de lado que hora sol, calor, suor, quando de repente chuva que inunda. A vida nos dá uma liberdade de estarmos a qualquer lugar, com quaisquer pessoas. A vontade nos permite quase tudo, o dinheiro todo o quase deste tudo, Deus além do que chamamos de tudo. O dia nos oferece 24 horas para fazermos todas as nossas tarefas. O ano nos presenteia com 365 dias e tudo que vemos são os sábados e feriados, porque domingo precede a segunda que até sexta não são considerados dias de viver. Esquecemos que de repente, morre-se, e pode não ser sábado o dia. Me peguei querendo dormir 24 horas seguidas, esquecendo-me que de repente minha filha cresce e, eu estava dormindo. Sim, ela cresce todos os dias. Algumas bolachas, quando de repente engordei. Cabulei algumas aulas da faculdade, quando de repente, 5 anos se passaram.

Tô falando tudo isso porque eu andei me preocupando demais com o que as pessoas pensariam sobre mim, bem ou mal, certo ou errado do que realmente eu tento ser. Mas de repente eu fui buscar a minha filha na escola, e seus pés não cabiam mais no saquinho de coberta que sempre a recebi no final do dia. A vida não para e espera tu te preocupar, as coisas continuarão a passar, o tempo continuará a rodar, tu continuar a ser quem és independentemente do que pensam ou falam a teu respeito, teus filhos sentirão toda essa tua energia de culpa e não voltará no tempo para guardar outra lembrança de ti. E de repente, eu percebi que não me importam mais os outros. A vida continua, ela sempre vai continuar. Pessoas nascem e morrem todos os dias, e é uma pena morrermos tão diferentes do que nascemos. De repente, perde-se e ingenuidade e nos achamos no direito de julgar alguém, como errado ou certo, bom ou ruim, querido ou temido. Isso só afasta a essência de viver de nós, porque no final das contas, de repente, morre-se. Se alguém decidiu ignorar isso, de repente tu não importa tanto assim para ele.

Nenhum comentário: