segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Carta ao suicida

Eu gritaria esta carta, no lugar de escrevê-la, como forma de expressar a minha revolta, a minha marca, a minha decepção, o meu trauma e a minha eterna indignação. Algumas pessoas inventam problemas onde não tem, e isso se torna ainda mais revoltante quando veem acompanhados pelas pessoas que há pouco nos decepcionaram amargamente. Acredito que a maior decepção da amante seja o desamor, a maior decepção de Deus seja o pecador, a maior decepção do candidato o segundo lugar, a maior decepção do terapeuta o paciente suicida e, a maior decepção de um filho, sua mãe ser nada daquilo que ele sempre idealizou. E por aí vai a dor e decepção de cada um.
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Então eu tento não adivinhar como seria para o outro e me vejo diante da minha maior decepção. Eu me decepcionei, não de maneira que não me reste mais nada, mas de maneira que me faça um ser crítico, capaz de sempre melhorar e por vezes me analisar e nunca ser igual, sempre diferente. Algumas pessoas são exemplos do que não devemos ser e como agir. O verdadeiro ser humano exemplo que eu posso olhar é Jesus Cristo, que vivo está e posso me espelhar. Tudo isso para falar que enquanto pessoas buscam desesperadamente pela vida, ou por mais alguns anos dela... Outras se acham dignas de decidirem seus próprios destinos forçando a morte. Tentando nos fazer acreditar que a vida já não vale a pena. Covardes de mais! Como você!
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Eu já falei isso e repito, sempre que uma situação tá difícil para mim, me pergunto "o que devo aprender com isso?" Por que lembro que não estou em uma fila de espera por um órgão, nem tenho parentes amados nesta situação. Não estou na fila de um albergue para conseguir comer e dormir nesta noite. Mas estou na fila de só mais um ser vivente em desenvolvimento e aprendizado. E por isso, vale a pena viver. E ainda que eu estivesse numa situação dessas eu pensaria na vida que existe na minha família (incluindo esse cachorro ao meu lado, que jamais me abandonaria), no meu terapeuta que escreve um relatório toda semana sobre mim, no meu amigo que já falhou comigo, mas me perdoou quando eu falhei. E lutaria até o fim para que elas não sintam a saudade chamada "eu não importava para ela". Por que viver é isso. A minha crítica começa por aí.
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Não importa o quanto esteja difícil, sempre teremos algo para apreender disso. Sempre. É um pouco de Deus, e um pouco de mundo. E pra quem crê apenas no que vê, tente fazer uma equação de segundo grau hoje, na época lhe pareceu tão complicado né? Hoje não é mais. O ser humano é condicionado, o que a vida lhe apresenta, ele aprende e refaz sempre que preciso sem se quer perceber que está repetindo ou que um dia aprendeu, e ainda chama isso de "fiz sem perceber", mas não, ele fez por que aprendeu como se faz. Então, não torne tão difícil o que precisa ser vivido uma única vez, para nas próximas se tornar algo fácil de passar. Eu poderia te dizer que a vida é bela, mas ela nem sempre é. Mas posso te garantir que, pior que morrer decepcionado com absolutamente tudo, no cruel sentimento de que realmente ninguém se importe contigo; é a morte de deixar todos com a convicta sensação de que não importou para você.

2 comentários:

Mãe a Flor da Pele disse...

Tinha escrito um texto imenso para expressar a minha decepção...mas não vale a pena ....só posso definir tudo isso com quatro palavras ...

Perda de tempo
Lamentável!!!

Anônimo disse...

Otimo texto má...fazia tempo que nao via textos assim...provocadores e sinceros...bjs continue assim...\º/