sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Naqueles dias

É a minha primeira postagem de 2014, estou entrando em meu 7º ano de Blog, o que vai tornando cada vez mais difícil coragem para cancelar enfim esta página. No fim das contas, vez e outra, eu sempre acabo passando por aqui. Movida pelas minhas emoções, boas ou ruins, acabo voltando aqui. E para meus próprios registros, valerá a pena um dia.
 
Para um início de ano eu gostaria de postar coisas bem legais e positivas, mas nem todo começo é bom. Sem falar do maior calor da história da minha vida, posso afirmar que já tive dias melhores. Dias que deixaram saudade em todos os outros que viveria, e eu nem sabia o quanto isso era verdade. Há alguns dias acesso meu blog, escrevo, deleto e vou dormir, talvez eu desista hoje também. Porque há momentos em que o silêncio fala por nós, até mais do que qualquer frase ou texto bem elaborado e pensado. Outro dia minha irmã me marcou em uma foto no Instagram, quando alguém marca a gente nos sentimos quase que na obrigação de comentar qualquer coisa, na tentativa de corresponder talvez, eu não sei, comigo é assim. Mas eu não tinha palavra praquela foto, tratava-se de um daqueles dias de saudade em todos os outros.
 
Sempre que sinto vontade de pedir o conselho de alguém experiente sou obrigada a me lembrar que a minha vó Geny não está mais neste plano carnal, mas eu ainda estou e a saudade dói de fato na carne. Por instantes penso que espírito não sente dor, e me pergunto se ela sente saudades daqueles dias como eu. Se tem uma coisa que aprendi em meus 20 e poucos anos é que nem todas as minhas perguntas terão respostas, pelo menos não na hora que eu quero; que tudo sairá do meu controle quando eu mais precisar e que as pessoas que eu mais amo partirão da minha vida como num piscar de olhos, sem conotação. E tudo aquilo será apenas dias de saudade em todos os outros. Por mais amargo que possa parecer, é mais que isso, porque a pior saudade é aquela de nós mesmos, de quem um dia fomos naqueles dias.
 
Quando vejo a minha filha fazer coisas incríveis para a idade dela, concluo que a evolução humana é extraordinariamente linda de se observar, um tanto cômica também e, contraditória quando me vejo tão igual aos meus pais. É um bando de neuróticos na tentativa de concertar o que julgamos erros do passado, recriando novos erros igualmente, desta vez com ferramentas modernas, como um cérebro mais desenvolvido talvez, não sei o que entender por evolução humana, deve ser tudo menos psique. É como se a cada dia o mundo estivesse mais doente "da cabeça" invisível, sem remédio, e os médicos como principais enfermos. E aí me bate aquela saudade dos dias que eu não vivi, quando a minha bisa Joana ainda guria deve ter vivido uma infância ignorante de tecnologias no interior do sul do país, mas cheia de vida. Estes sim foram dias de saudade em  todos os outros até o fim, aqui dentro de mim.
 
E também como primeira postagem do ano eu sempre gosto de falar das minhas expectativas para o novo ciclo e todo aquele blábláblá que sempre tento aderir... desta vez nada tenho a dizer. Dos planos que já fiz para minha vida, tá, virou piada. Já que nada acontece como nos planos mesmo, meu plano para este ano é não planejar nada, o que para os críticos já será um plano em si, mas se for para ter um plano que seja um plano de "não plano". Porque às vezes a vida decide melhor que nós, e no meu caso, melhor nem entrar neste ponto. Quem sabe assim hoje se torne um dia de saudade em todos os que ainda virão.

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