quinta-feira, 28 de julho de 2011

Tão poucos irão entender essa minha liberdade de escolher

Algumas pessoas não precisam de tanto como buscam, às vezes a simplicidade delas já basta para que eu olhe e as admire. Tanta pouca frescura me encanta e me faltam pessoas incríveis. Gostar de animais faz a sensibilidade de alguém, não precisa escrever poemas, só alguém muito afetuoso tem cachorros ou papagaios. Amantes do mar, o mar é gratuito pro ser humano, ainda assim alguns precisam da sofisticação do esporte, com pranchas maiores para competições, Freud explica bem essa neurose por volume e títulos; eu acredito nele. Falar do erro do outro enquanto que não corrige os seus próprios repetidos erros. Passar a vida em busca de seus próprios objetivos, mais conquistas enquanto pessoas dividem o nada com tantas mais. Sobra tanta revolta dentro de mim que me leva a pensar como tão poucas pessoas me encantam.
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Uma vez vi meu amigo ganhando um presente com a tal frase se não gostar pode trocar e ele respondeu quero trocar sim!. Ninguém esperava que ele dissesse isso. Outra vez brincando com uma criança e um trenzinho, perguntei se o maquinista estava dentro da cabine, e ela me respondeu Não né, é um trem de brinquedo. Atendi uma moça na clínica que sempre me dizia Tá ruim, mas tá bom dra. Marília sem perceber o quanto me curou com isso. Vejo tanta gente reclamando, enquanto vidas perdidas por aí, com motivos para realmente se perguntarem porquê, apenas vivem. Afinal a vida é para nada além disto. Me faltam histórias incríveis a vista! Enquanto artistas sem braços desenham com os pés, enquanto crianças vendem balas para os pais ficarem em casa... Eu fui percebendo que tão poucas atitudes em minha volta me surpreendem.
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Meu sobrenome não é pontualidade, mas quando vou atrasar muito para chegar no trabalho, eu ligo e aviso o motivo. Acredito que não passa da minha obrigação me explicar. Explicação para mim é uma obrigação a qual não devo discutir e sim seguir. Não precisa conhecer muito de mim para entender que odeio obrigações, quase tudo que faço é por prazer; às vezes faço porque quero e às vezes faço porque tenho que fazer. Evito ao máximo as que tenho que fazer, pois perdem a graça. Quando decido dormir fora eu vou, minha mãe verá que tô demorando e irá ligar. Quando marco um compromisso, chega a data e então a pessoa me liga, tá aí a sorte de sempre ser diferente, tu não precisa ligar porque o outro sempre ligará (ao mesmo tempo chato demais isso!), mas é um fato. O que acontece é que geralmente eu não me explico, me faltam figuras incríveis que me façam explicar onde vou esta noite. Horas não tenho paciência, horas eu nem lembro disso. Acontece que tão poucas são as figuras que eu me explico.
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Odeio homens simétricos, sabe? Não cabe nada simétrico no quebra cabeça que é minha história. Até aqui deu para perceber o quão complicada eu pareço ser, mas não... nem tanto assim, como é difícil me surpreender. De verdade. Não são muitos os cheiros que eu guardei para levar. Eu me pergunto de quantos homens eu realmente fui, nossa! Fiz uma lista. Me faltam homens incríveis! Que liguem pouco, não respondam minhas mensagens, mas apareçam quando eu menos esperar sem parecer surpresa e sim acaso. Que digam Até um dia só pra eu ter a oportunidade de sentir que quero mais e principalmente, que demore o suficiente para que a saudade já não tenha ido junto com ele deixando a indiferença cansada. Que saiba a distância que ainda me mantém, e a aproximidade que não me sufoque. Joguei a lista fora e deixei o que toca violão sem me causar ciúme, que fez de mim a própria música e nenhuma música jamais deixa de existir ainda que nunca mais ouvida. Tão raro o homem que já me teve.
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Esses dias lendo uma reportagem do MSF conheci a frase O que não é possível carregar comigo é porque não é meu..., tenho usado ela como perfil e assinatura de e-mail porque ela resume muita coisa. O que está dentro de mim, ninguém tira a não ser eu mesma e às vezes nem eu tenho controle disso, é o que posso chamar de meu. Se eu tiver paz, a levarei comigo onde quer que eu vá. Por um bom tempo da minha vida - ainda que eu seja tão nova - vivia em cima de sonhos que se realizariam para sempre, e esse para sempre pesa, pois soa tão definitivo para alguém tão volúvel como eu. Coisas definitivas vai: tatuagem, ser mãe, conhecimento adquirido, casamento; são as principais que me lembro agora e só para concluir. Percebi que as únicas coisas que realmente irão me acompanhar são meu conhecimento e minha tatuagem, com todos os livros que hoje estão na minha cabeça e com toda a lembrança que a minha tatoo hoje tem no meu coração. Resolvi para sempre, ler e fazer tatuagens. De resto, nada é definitivo e tão poucos para sempre eu desejei.

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