terça-feira, 16 de novembro de 2010

Com os pés no chão

Ele olhou a minha tatuagem, e como já esperado: "Que significa?" Após minha resposta, perguntou: "O que te fez pensar em algo eterno?" Na lógica ninguém faz uma tatuagem se não para a eternidade, de maneira que esta exista. Como uma neurótica estagiária de psicologia, eu quis devolver a pergunta "quem te fez não pensar no eterno?" Mas eu não estava na clínica, aquilo era apenas um diálogo e quem devia uma resposta era unicamente eu. Eu me vi na obrigação de responder, só que eu não sabia a resposta. Esclarecendo que isto não é só mais um texto, e sim como realmente aconteceu comigo Marília, pois aprendi de mais naquela noite na praia. Eu enrolei na resposta, mas a verdade saiu "eu não sei cara!" No desenvolver da polêmica conversa confessei que algumas coisas são sim para sempre, no entanto me contradisse mediante a tudo que vivi intensamente e hoje já nem me lembro.
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E por alguns instantes eu me arrependi da tatuagem. Eu falhei comigo, com a história que o universo guardou para mim, eu falhei com a minha vida. Foi o que pensei na hora, só que nestas idéias me vi crendo no eterno novamente, mas o eterno não existe, nem mesmo para minha pele. Quando eu morrer meu corpo irá para debaixo da terra e tudo que nele há. Eu pude aceitar que nada é eterno, conversar naquela noite mudou a minha visão da vida. Entendi que minha avó não deveria estar aqui mesmo, porque ela não poderia ser eterna. Errei por anos em não aceitar fatos da vida, eu não admitia que coisas e/ou pessoas se fossem. Eu nunca me perguntei "o que te faz pensar no eterno?" E mais que uma aceitação eu consegui entender também o perdão. Perdoar tudo que se foi e eu julguei injustiça. A paz foi tão grande que eu me senti capaz de perdoar a minha maior dor destes últimos dois anos. Não preciso me explicar muito, mas os assuntos da tatuagem, do eterno e do perdão estão totalmente ligados dentro da minha história.
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E eu posso dizer que esta é a minha postagem mais intensa, que vou guardar como desfecho de muitos textos e dissertações anteriores neste blog, quem acompanha tenho certeza que irá sentir. Eu conheci o poder do tempo que sempre me diziam; conheci o poder de Deus através de um anjo na terra e também o poder do mar na minha frente, totalmente livre para refletir sobre a mensagem deste anjo. Para uma vida além do que eu poderia desejar. Elaboração tamanha que posso conviver com esse temporário meio que indeterminado. E me deixei viver, desta vez com os pés no chão. Como aprendido o anjo também não era eterno e se foi. Cada um tem um motivo a estar na nossa vida, quando esse motivo acaba, a vida roda.

2 comentários:

Adriana Gisele de Lima disse...

Só quem te conhece realmente, sabe da profundidade que é esse texto.

Sensacional amiga...

Mãe a Flor da Pele disse...

E a vida segue.... é muito louco essa coisa do eterno e aceitar que a vida está em constante mudança. A dificuldade que temos em aceitar as mudanças, é justamente pq saímos da nossa zona de conforto...que bom seria se os momentos bons e as pessoas que amamos fossem eternos, mas infelismente elas duram apenas o suficiente para marcarem nossas vidas.
Continue exercitando o perdão Má, é isso que te faz grande e superior a dor.