Conheci o escritor Harlan Coben, inevitavelmente virei fã. Muito fã. Em um de seus livros ele cita o ditado que diz "A gente faz planos e Deus ri". Não, ele não escreve auto ajuda, eu não tenho saco para isso. São suspenses policiais, meio nada a ver comigo para quem me conhece, mas absolutamente intrigante, envolvente, misterioso, o que já tem total ligação comigo. Mas mais do que tudo o que conta no livro, que me fez ficar o dia inteiro hoje na livraria e sair com o livro nas mãos, foi esse ditado debochado da parte 1. Tanto quanto realista e cômico. Me lembrou um pouco a minha vida até aqui e eu ri bastante. Rir em um livro de suspense soaria desespero se não estivéssemos falando de Coben, mas não vou me justificar tanto. O que também me lembra aquela frase de que tudo tem o seu tempo determinado, todos falam isso o tempo todo para se aliviarem de suas vidas não tão boas; e até mesmo a Bíblia diz isso, na versão mais coerente que já li, aliás. Que tudo passa e tem seu tempo determinado a gente tá cheio de saber. No entanto, o que fazer até que esse tempo chegue é que me intriga. Típico da minha neurose ansiosa e mimada, mas duvido que eu seja a única a sentir isso.
Tu pode jogar toda a responsabilidade no tal destino e fazer nada da vida, aceitar que a vida era aquilo mesmo, passaria rápido e tu não conquistaria muitas coisas como se tivesse planejado. Isso também alivia uma vida não tão boa. Assumir que nada foi feito também é uma saída. Mais realista de fato. Em uma redação de filosofia na faculdade, eu escrevi sobre o que eu achava que era viver, esse trabalho foi pedido no mês em que conheci a morte pela primeira vez em minha família. E então eu disse que viver para mim era distrair a certeza que temos de que iremos morrer um dia. Foi o meu único 10 até a formatura. Após 6 anos, ainda acho isso. Mas hoje vejo outros destinos além da morte. Podemos nos distrair até que o sonhado emprego chegue; por exemplo, aprendendo tudo que posso aonde eu estiver trabalhando. Absolutamente tudo é aprendizado, eu aprendi isso. Conversar com uma criança é aprender. Ler a "Bíblia da Menina" para minha filha é aprender igualmente quando tiro um tempo para ler psicanálise. E a cada vez que releio os capítulos, aprendo coisas novas. Até que chegue o tempo determinado das coisas que desejamos, até que aquele nosso plano não aconteça, distrair-se aprendendo é a melhor saída. Aos meus olhos jovens. O ditado diz que Deus ri, não no sentido literal eu vejo, mas nos dizendo como somos pequenos diante d'Ele e da vida. Nossos planos são piadas para Quem realmente sabe. Sabe do futuro. Ignorância é jogar tudo na mão de Deus, covarde também. As pessoas estão cada vez mais deprimidas com essa teoria cheia de religiosidade.
Se absolutamente tudo é aprendizado, o que tiver no caminho, é distração. Então divirta-se com cada amor, cada ódio, cada pessoa, cada momento, tu está aprendendo com eles. Eu ainda não tenho um título para essa minha teoria maluca. Mas estou aqui pensando que se formos aprendendo e evoluindo, talvez aquele destino passe desapercebido por nós, sem querer evoluímos além do que pensamos possuir um dia. Então, para quê tanta ansiedade? Se tem ansiedade, definitivamente, não tem preparo para a vivência. Uma paciente uma vez me disse que se fosse pensar na situação dela antes de tudo acontecer, ela não suportaria; mas agora que está vivendo se sente forte por alguma razão e consegue lutar. Eu acho que a vida é isso ai, ficamos ansiosos porque não estamos prontos, queremos à todo custo porque ainda não possuímos. Planejamos tanto e nos decepcionamos na mesma medida. Bob Marley disse algo sobre não levarmos a vida tão à sério, afinal a única certeza que temos é de que não sairemos vivo dela. É a distração que eu elaborei naquela redação. Chega de tantos planos, Deus tá "rindo" de tudo isso, enquanto a vida vai passando sem diversão nenhuma, tu vai se decepcionando com os planos de ontem. Deprimindo o hoje e comprometendo o amanhã. É um monte de datas, esquecendo-se do hoje. Pois bem, acabo de decidir o título de hoje.